sexta-feira, 20 de março de 2009

WEBER

Weber (1864-1920): contribuição criação da chamada Sociologia da ação ou Sociologia compreensiva, que se fundamenta no idealismo (rejeitando o evolucionismo, a exterioridade do cientista social em relação ao objeto de estudo).
- Principais obras: Artigos reunidos de teoria da ciência, Economia e Sociedade (1922) e A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1905).


A AÇÃO SOCIAL: OBJETO DA SOCIOLOGIA

Ação social: conduta humana dotada de sentido (justificativa subjetivamente elaborada)


Diferenciação entre ação social e relação social:

É importante diferenciar ação social de relação social. No primeiro caso, a ação é orientada pela conduta do outro. Na Segunda a ação é orientada pelo sentido compartilhado reciprocamente por um grupo de agentes.

Tipos de ação social:
a) ação racional com relação a um objetivo (tem um fim previamente determinado). Ex: a ação política.
b) ação racional com relação a valor (relacionado à moral). Ex: condutas ligadas às manifestações religiosas.
c) ação afetiva ( ditado pelo estado de consciência ou humor do sujeito). Ex: o ciúme entre os casais.
d) ação tradicional (ditado por valores culturais absorvidos pelo sujeito como naturais, obedecendo a reflexos). Ex:


Obs. 1º. É importante ressaltar que quando se fala de sentido não se fala da gênese da ação, mas à que ela direciona, ao seu fim.
2º. Esses tipos de ações geralmente estão relacionados não se encontrando de forma pura são consideradas então como tipos ideais, ou seja, como modelos conceituais utópicos que servem de guia comparativo para análise dos fenômenos sociais.


É para orientar o cientista na compreensão da ação social e, conseqüentemente dos fenômenos sociais que faz-se necessário a construção do tipo ideal.

Para ele a sociedade não “paira” sobre os indivíduos e nem lhes é superior. As regras e normas sociais são resultados de um conjunto complexo de ações individuais, nas quais os indivíduos escolheriam diferentes formas de conduta. Há portando um privilégio da parte (indivíduo) sobre o todo (sociedade)

A TAREFA DO CIENTISTA

 Questão metodológica central: descobrir os possíveis sentidos das ações humanas presentes na realidade social.

• Não há neutralidade:
- Os fatos sociais não são coisas, mas acontecimentos que o cientista percebe e tenta desvendar, portanto a neutralidade proposta por Durkheim não pode ser atingida na visão de Weber.
- Todo o cientista age guiado por seus motivos, sua cultura, sua tradição, sendo impossível descartar-se de suas prenoções.

• Conquista da objetividade:
- As preocupações do cientista é que o levam a escolher um determinado tema (portanto existe uma parcialidade na escolha), entretanto ao iniciar o estudo ele deve buscar a objetividade, através da escolha de um quadro (metodológico) teórico que ditará regras que possibilitem o alcance da objetividade garantindo a neutralidade do cientista.

• Tipo ideal: instrumento de análise científica; trata-se de uma construção teórica abstrata a partir dos casos particulares analisados.
Ex: o conceito de ação social, de dominação e de burocracia.

• Procedimento metodológico básico: construção de tipos ideais e o estudo comparativo (Não busca generalidades e sim diversidades). Através de uma preocupação inicial, com significado subjetivo, o cientista deve procurar compreender a ação social, relacionando nexos causais que dêem sentido à ação social.

• exemplo clássico: para analisar como a ética protestante interferia no desenvolvimento do capitalismo, weber seguiu os seguintes passos

- analisou livros sagrados e interpretou os dogmas de fé do protestantismo
- relacionando valor/ação para compreender a relação religião/economia

Obs. Durkheim desconsiderava a relação histórica entre ciência e ideologia, entre sujeito e objeto, que é marcante nas ciências sociais. O rigor intelectual necessário à produção do conhecimento científico, ao apelar para a “neutralidade”, se torna “acéptico”, o que é próprio do positivismo.

A SOCIEDADE

 Sociedade: a sociologia weberiana concebe a sociedade como um eterno fluir, um conjunto inesgotável de acontecimentos que aparecem e desaparecem, estando sempre em movimento devido a um elemento básico: a ação social que implica uma concepção do homem como indivíduo ativo a partir de um processo de conexão valorativa do homem visando o real.

Diversidade social: seria pautada no processo de gênese e formação (e não através de estágios de evolução), daí a importância da pesquisa histórica para a comparação e compreensão das sociedades.

Estudo Comparativo das sociedades: busca a caracterização e compreensão do mundo ocidental moderno em face dos períodos anteriores, uma vez que as peculiaridades de cada período revelariam as causas de suas diferenças em relação a este mundo, pautado pela racionalização.

Concepção de ciência: A partir de então a realidade não pode ser apreendida em sua totalidade já que o real modifica-se a cada momento de acordo com as diferentes maneiras pelas quais os homens se relacionam significativamente uns com os outros. Exatamente pelo fato da apreensão da realidade ser fragmentária a ciência também o é. A construção do saber científico é fragmentário, especializado, sendo a ciência definida por Weber como vocação especializada. O conhecimento especializado implica, portanto, em cientificidade e transforma o trabalho científico em um trabalho cada vez mais vocacional a partir do momento em que a função do investigador é racionalizar a conexão valorativa para compreender o real.

Ética na ciência e na política:

- ética da convicção
- ética da responsabilidade


TIPOS DE DOMINAÇÃO

A partir da tipologia das ações sociais Weber formulou sua análise sobre os tipos de dominação

Conceito de Dominação: a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo.
Esse conceito de dominação implica em dominantes (a presença efetiva de alguém mandando) e dominados (vinculado à existência de um quadro administrativo ou de uma associação, onde os seus membros estão submetidos a relações de dominação). Nesse sentido o conceito de poder encontra-se relacionado a probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo encontrando resistências.


Tipos de dominação:

Dominação legal - em virtude de estatuto, de uma regulamentação ou de normas. Ex: autoridade dos governantes, presidentes diretores e chefes nas organizações empresariais.
Dominação carismática - em virtude da devoção efetiva à pessoa do senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente a faculdades mágicas, revelações ou heroísmo, poder intelectual ou de oratória. Ex: profetas, herói guerreiro e grande demagogo, Padre Cícero, Antônio Conselheiro, Getúlio Vargas.
Dominação tradicional - em virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes senhoriais de há muito existentes. Ex: senhor feudal, senhor de engenho (Brasil), autoridade dos pais sobre os filhos.

Obs. As relações de dominação são determinados por diferentes motivações que determinam a vontade ainda que mínima de obedecer, as motivações podem ser puramente materiais e racionais, afetivos e racionais referentes a valores ou determinados pelo costume e tradição essas motivações estão estreitamente ligados a tipologia de ações sociais.

Dentre as diversas formas que a dominação legal pode assumir seu tipo mais puro é a dominação burocrática.

Dominação burocrática: aquele que emprega um quadro administrativo burocrático. Sua idéia básica é, que qualquer direito pode ser criado e modificado mediante um estatuto sancionado corretamente quanto à forma.

Obs.: Nesse tipo de organização burocrática obedece-se não à pessoa, mas a regra estatuída, que estabelece tanto a quem se obedece como em que medida obedecer. O dever de obediência está graduado hierarquicamente através de cargos, havendo subordinação dos inferiores aos superiores, dispondo de um direito de queixa regulamentado. A base de seu funcionamento é a disciplina do serviço.

Esse conceito de dominação burocrática será bastante útil para compreender o conceito de burocracia em Weber, que será analisado na próxima aula.


A contribuição de Weber para a Sociologia


- A busca da análise histórica e da compreensão qualitativa para a compreensão dos processos históricos e sociais.
- Descoberta da subjetividade na ação e pesquisa social.
- Desenvolveu uma forma de análise específica para as ciências sociais, diferenciando-a das ciências exatas e da natureza.
- Desenvolveu trabalhos na área de história econômica, buscando as leis de desenvolvimento das sociedades.
- Estudou as relações entre o meio urbano e o agrário.

Bibliografia utilizada:
WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. Ed. Guanabara: Rio de Janeiro, 1981.
COSTA, Cristina. “Sociologia alemã: a contribuição de Max Weber”, in: Sociologia – Introdução à ciência da sociedade. (2a ed). São Paulo: Moderna, 2001 (pp. 70-77).
FERREIRA, Delson. Manual de sociologia: dos clássicos à sociedade da Informação. São Paulo: Atlas, 2001.

Nenhum comentário:

Postar um comentário